quinta-feira, 21 de julho de 2011

amo-te paizinho*

eu , eu tie uma infancia fora do vulgar digamos. os meus pais separaram-se tinha eu 8 meses de idade , vi-a o meu pai sábado sim, sábado não, e dava-me sempre presentes na esperança que pagassem a ausência dele , mas não pagavam. lembro-me da felicidade todos os sábados ao acordar antes de apanhar o autocarro para o Porto , 'vou ter com o pápá' dizia eu , naquela semana , o meu pai não poderia estar comigo no sábado e então fui na segunda seguinte , um dia abrasador de julho mas tudo valia a pena para estar com ele, iamos comer o tal gelado que ele havia prometido, íamos passar à beira rio como eu adorava fazer. passaríamos no sítio onde os meus pais se conheceram e ele iria dizer-me como sempre 'foi aqui que vi a tua mãe pela primeira vez', sonhava com uma história de amor como a deles, sonhava com aquele olhar apaixonado. sim , entre eles foi amor à primeira vista, e foi lindo enquanto durou, e o meu Pai dizia sempre estar arrependido dos erros cometidos por ele, pois a minha mãe tantas vezes o avisou, de nada adiantou. naquele dia, tudo foi diferente, ao chegar ao local marcado, à hora marcada, vi carros da polícia e uma ambulância, a minha mãe levou-me a espreitar e foi aí que vi, o meu Pai, estendido no chão, com vários índicios de ter levado uma enorme tareia, ele mal conseguia falar, o paramédico disse à minha mãe que muito dificillmente ele se salvaria, ele chamou-me à sua beira, ajoelhei-me e coloquei a sua cabeça toda ensanguentada no meu colo, ele deu-me um fio de ouro com um coração, e disse 'olharei sempre por ti e pela tua mãe', e faleceu, mesmo ali nos meus braços, eu com 6 anos de idade, e toda a gente preocupada com as sequelas psicológicas. tentaram reanimá-lo surante cerca de 20minutos sem sucesso. a minha mãe não me deixou ir ao funeral, e diga-se ainda hoje a condeno por isso, apesar de perceber o porquê, tinha todo o direito de me despedir dele. o meu Pai, apesar de tudo foi uma GRANDE PAI, e tenho todo o orgulho possível nele, e a falta que ele me faz é inconsulável, quando me dizem que sou parecida com ele, fico com um sorriso, sinto-o mais perto de mim, todos os dias desejei e desejo que ele aqui estivesse, as saudades apertam, mas eu sei, sei que um dia, estaremos juntos novamente, até lá nunca serás esquecido, falarei de ti aos meus filhos, sim , eles vão ouvir falar do avó que era bailarino, e que lutou pela vida até ao último segundo (..)

amo-te com tudo, e todos os dias da minha vida Pai*